segunda-feira, 16 de julho de 2018
E quando a criança não corresponde ao que lhe é pedido?
Hoje na consulta de desenvolvimento ouvimos o seguinte da pediatra: "Sempre que a vejo ela está bem para a idade, sem atraso de desenvolvimento, e em termos de linguagem tem um discurso perceptível, coisa que nem sempre acontece nesta idade mesmo em crianças sem nenhum diagnóstico".
Como não ficar feliz com estes comentários da Dra F.?
Estes elogios são maravilhosos mas levaram-me a pensar e querer partilhar convosco que nem sempre o caminho é fácil e que nem tudo está ao nosso alcance ou ao alcance da Francisca. Ela tem o ritmo dela, felizmente tem acompanhado as metas que lhe são propostas diariamente mas e quando não acompanha? Quando se lembra de simplesmente não querer colaborar? E se vier a não acompanhar em algum momento?
Temos de respeitar!
Gerir a NOSSA frustração, evitar a frustração dela, e respeitar!
Porque cada criança tem o seu ritmo e as crianças não são máquinas em que programamos o que queremos que façam e temos o sucesso como garantido!
Posso dizer que diariamente é feito por nós pais e pelas terapeutas um esforço enorme para que ela corresponda e alcance as metas preconizadas pelo método Doman (tão eficaz neste desenvolvimento que apresenta). Às vezes dá muito trabalho motivá-la e às vezes também não conseguimos mesmo com que faça o que lhe pedimos ou que esteja atenta como desejamos.
Exigimos muito dela é verdade, quer a nível físico como psicológico mas penso que ela vai correspondendo porque vê todas as atividades como uma brincadeira. As crianças aprendem ao brincar e é assim, como uma brincadeira, que tentamos que encare todas as atividades que tem de fazer diariamente. Nas vezes em que ela não corresponde ao que lhe pedimos, cabe-nos a nós gerir a nossa frustração e acreditar que no dia seguinte será melhor nem que para isso seja necessário mudar as estratégias!
sexta-feira, 13 de julho de 2018
E já passaram três anos e cinco meses!
Hoje fui visitar uma amiga que teve uma bebé e foi inevitável não reviver de alguma forma os momentos do nascimento da Francisca e da altura em que ela era uma bebezinha.
Felizmente consigo dizer que a aproveitei muito enquanto bebé e que a minha licença de maternidade, embora já um pouco atípica com as terapias, foi vivida em pleno.
Felizmente também tive uma estrutura de apoio familiar e de amizade que me permitiu viver as coisas dessa forma. Como sabem tive os meus momentos de choro, por medo do desconhecido, mas penso que rapidamente comecei a usufruir do bebé que tinha em casa e tivemos muitos momentos bons, ternurentos e felizes, momentos só nossos!
E hoje, passados exatamente três anos e cinco meses, revivo todos esses momentos com nostalgia, mas de coração cheio!
Todas as fases são maravilhosas e eu tenho duas meninas que ainda querem muito o meu colinho mas a altura em que eles são ainda bebés é mágica! Por isso pais, aproveitem os vossos filhos porque eles crescem rápido e logo logo ganham asas e voam para os destinos que eles próprios escolherem!
segunda-feira, 9 de julho de 2018
E o futuro? Como será?
Procuro não sofrer por antecipação e com a Francisca aprendi mesmo a viver um dia de cada vez! Contudo às vezes surge-me a insegurança em relação ao futuro! Para já tudo corre bem, ela é muito bem aceite!
Mas também me dizem que os problemas surgem depois... quando chegar a altura da escola, quando chegar a altura de ter um emprego...
Pergunto-me muitas vezes se será bem aceite... Será que vão acreditar nas capacidades dela como tem acontecido até agora?
Por vezes temo que não mas quero muito acreditar que sim!
Sei que não devemos antecipar os problemas mas é também a pensar na autonomia e capacitação dela que a estimulamos muito para que esteja ao nível das outras crianças!
As crianças com trissomia 21 têm que ser estimuladas, e muitas vezes me perguntam o seguinte:
"Se ela está tão bem para que tens tanto trabalho com ela?"
A resposta é simples, : se eu não a estimulasse ela não tinha atingido este patamar de desenvolvimento.
Nós somos feitos de oportunidade e o que lhe damos diariamente nas terapias, em casa e na creche, são oportunidades para aprender! As crianças com trissomia 21 têm que ser estimuladas, seja com métodos específicos, seja com terapia ocupacional, seja com fisioterapia... mas têm de o ser! E claro, sempre de acordo com as suas necessidades e potencialidades. E também temos que ter em conta as possibilidades da família em que se inserem, quer em termos de disponibilidade diária de tempo quer em termos de capacidade económica para poder aplicar determinadas terapias. Infelizmente há terapias que não são comparticipadas pelo estado, como é o caso do método Doman, mas a terapia ocupacional, terapia da fala, fisioterapia, tão importantes num processo de reabilitação, são terapias comparticipadas pelo estado e quero acreditar que nenhum médico se recusará a prescrever estas terapias a uma criança com síndrome de down.
Outro fator chave na estimulação, a meu ver, é não agirmos só quando existe o problema. Ou seja, não é só quando a criança tem atraso de desenvolvimento que devemos atuar. Eu penso que devemos atuar antes precisamente para evitar esse atraso! Se já prevemos que por diagnóstico é uma criança que terá mais dificuldades em atingir determinadas metas, devemos intervir de antemão para evitar que o atraso ocorra.
Quero com tudo isto dizer que ao trabalharmos no sentido de um bom desenvolvimento estamos a capacitar as nossas crianças (com ou sem trissomia) para o futuro, para que sejam capazes de viver em sociedade e na sociedade, integradas.
Quando temo em relação ao futuro, penso que a chave para tudo correr bem é começar desde já a trabalhar para fazer da minha filha uma pessoa capaz!
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