quarta-feira, 25 de setembro de 2019
Início do ano letivo: uma aventura!
Cada início de ano letivo pressupõe à partida uma reorganização da dinâmica familiar. Aqui, normalmente, o papel de gestora familiar que é normalmente desempenhado pela mãe começa a vir ao de cima: definir horários, encontrar respostas na comunidade ou na família para apoio complementar, (re)inscrever nas atividades extra-curriculares, e mais uma vez redefinir horários... Programar o serviço de "taxi" para levá-los, ir buscá-los, acompanhá-los, quantas vezes forem necessárias ao dia.
É preciso mesmo louvar o papel das mães que além de terem todas as responsabilidades laborais e pessoais têm ainda esta gestão difícil de fazer a cada início de ano lectivo ou sempre que a necessidade do filho exija ajustes e mudanças. E pedir a terceiros, mesmo sendo família, procurar o melhor, pensar quem, quando e como não são assim tarefas tão fáceis quanto se possa pensar.
É de compreender que nesta altura as mães se sintam mais desgastadas, mais stressadas, mais preocupadas. Às vezes podem ser entendidas como exageradas mas o que querem é que tudo corra pelo melhor e quando o assunto é os nossos filhos fazemos o melhor que podemos não é?
Já para não falar do stress e desgaste no caso daquelas crianças que ficam na escola a chorar, que acordam a dizer que não querem ir. Nunca me aconteceu mas deduzo mesmo que não seja fácil!
Eu tenho sentido todo este stress e ansiedade de início de ano letivo para poder conciliar horários escolares, terapias, dança, natação... é sempre necessário fazer um reajuste. Para vos dar um exemplo, para poder colocar a Francisca na natação com a escolinha tive que procurar alterar dois horários de duas terapias o que implicou a articulação com cinco pessoas ( a parte boa, é que tenho as melhores comigo e o interesse delas no melhor para a Francisca está sempre presente. Grata por isso).
A Matilde, é quem mais me preocupa, porque não verbaliza muito o que se passa, está sempre tudo bem, comeu bem, esteve atenta, brincou, aprendeu coisas novas e gostou. Isto é o que me relata, mas eu sei que a entrada no 2º ciclo não é fácil e receio que algo me escape. Mas vou com calma, estou atenta e estou sempre aqui para ela.
Venha mais um ano letivo!
domingo, 18 de agosto de 2019
Quando o rumo da vida foge aos nossos planos!
Pensei muito se escreveria sobre este tema mas não fui a primeira nem serei a última mulher que engravida sem querer e se puder com isto dar ânimo a outras mães, já valeu a pena!
Tinha 21 anos, uma enorme vontade de acabar o curso e aproveitar a minha independência. Namorava há um ano com o Miguel e tínhamos muitos planos para o futuro próximo, ter filhos e casar seria a longo prazo. Os meus pais fizeram um esforço económico muito grande para eu poder ir para a faculdade e o meu objectivo era com os meus primeiros salários pagar-lhes uma viagem! Mas quis o destino que o presente fosse outro.
Naquele dia sentia-me estranha e por já haver algum atraso fui com uma amiga à farmácia comprar um teste de gravidez. Na verdade achei que não seria nada mas... Deu positivo! Fui comprar outro e embora me explicassem na farmácia que não havia falsos positivos, eu quis comprar e voltar a fazer. Claro que deu positivo novamente. Eu não reagi, só pensei que iria desiludir os meus pais e deitar por terra o orgulho que sentiam em mim. E os meus planos para o futuro? E o que iriam falar as outras pessoas, principalmente as da minha aldeia? (Essas falaram de facto e coisas horríveis, feliz ou infelizmente soube de muitas, mas hoje é um beijinho no ombro para elas). Crescer num meio pequeno tem destas coisas...
Mas avançando....
Tinha de contar ao Miguel... nesse dia à noite contei-lhe. Choramos muito os dois, não sabiamos o que fazer, eu cheguei a pensar em não avançar com a gravidez mas ele nunca me deixou. Na verdade eu não o iria fazer por mim e seria um erro muito grande que traria danos irreversíveis na minha vida.
Decidimos casar, não tivemos dúvidas, ele prometeu que tranalharia e que teríamos o necessário. Mas falatava o pior... contar aos nossos pais...
A maneira mais facil de o Miguel contar aos pais foi dizer-lhes que não iam ter um neto, mas sim dois ( a irmã dele já estava grávida). Parece que se riram e choraram ao mesmo tempo... não correu mal!
Faltava eu! Pedi ajuda à minha irmã. O meu pai trabalhava até as 22h e a minha irmã foi lá a casa dizer à minha mãe que quando o meu pai chegasse queria falar com ambos. Claro que a minha mãe fez várias pergunas para tentar adivinhar o assunto e eu não aguentei e comecei a chorar. Ela percebeu. Eu disse que queria ter o bebé e casar, ela nunca me negou a vontade mas disse-me que preferia que eu estivesse solteira e feliz do que casada e infeliz, e que me ajudaria a criar o meu bebé. Na verdade ela não conhecia muito bem ainda o Miguel e preferiu que eu tivesse bem a certeza do que eu queria. E eu tinha, queria casar e constituir a minha família!
Nos dias seguintes andei a fugir do meu pai, até que um dia não o consegui evitar e ele disse-me que nao precisava de fugir e que ia ajudar-me em tudo o que pudesse. E ajudou-me sim, deu-me um sítio para viver e garantiu que eu terminasse o curso.
Apesar de estar feliz com a gravidez havia uma parte de mim que estava a gerir a tristeza de ver por água a baixo todos os planos que tinha feito para a minha vida, o esforço que sempre fiz e o objectivo de ter uma vida melhor.
Casei, não foi o casamento dos meus sonhos, com o vestido dos meus sonhos, mas foi com o mais importante: o homem dos meus sonhos.
A Matilde nas nasceu e no momento em que a puseram nos meus braços eu soube o propósito de tudo! Ela tinha de ser minha e foi realmente o melhor que me aconteceu na vida. Tive de lutar muito, muito mais, tive de criar um filho e gerir uma familia apenas com um salário mínimo, tive que crescer e aprender muito sobre maternidade, doenças internamentos e convulsões. Mas em contrapartida ganhei muito mais, aprendi muito sobre amor e amizade.
E a lição final, mas a maior de todas é que nada na vida acontece por acaso.
quarta-feira, 1 de maio de 2019
Sobre o tempo que dedicamos aos nossos filhos...
Nao sei se será um sentimento que invade outros pais, o sentimento de que poderiam se dedicar mais aos seus filhos.
Na sociedade em que vivemos hoje, em que ambos os pais trabalham e que existem todos os dias as tarefas em casa para cumprir o tempo dedicado aos filhos, a disponibilidade, a vontade para brincar é muitas vezes reduzida. Os dias são alucinates, exigentes e os horários muitas vezes alargados e incompatíveis com o tempo das crianças.
Contudo, é importante reservar um pouco do nosso tempo livre para os filhos e dedicar-lhes esse tempo. Realmente o que fica na memória da infância são as brincadeiras, os momentos significativos passados em família, o aconchego dos pais, os locais que visitamos, os piqueniques no parque, os passeios e as quedas de bicicleta...
Muitas vezes sinto que deveria dedicar-me um pouco mais às minhas filhas... não sei se há por aí pais que sentem o mesmo, se há acusem-se, se não quiserem, reflitam apenas e façam como eu, desafiem-se a conseguir!
quarta-feira, 3 de abril de 2019
É asneira atrás de asneira!
Não sei se é da fase, da idade, dos suplementos alimentares que lhe passei a dar para um melhor desempenho intelectual, cognitivo e motor, a verdade é que a Francisca está imparável! Cheia de energia, "sai-se" com expressões que apanha da irmã ou nossas, está muito faladora e eu sei que isto é muito bom. Mas em contrapartida, está mesmo espevitada e só faz asneira atrás de asneira. E apesar de isto ter um quê de engraçado, preocupa-me um pouco porque às vezes é um pouco arisca e não cumpre ordens, ou faz coisas a saber que está a fazê-las mal como bater na irmã, puxar-lhe o cabelo, atirar coisas para o chão. Isto já é um pouco de mau comportamento e terei de passar a ser mais assertiva e rigorosa com ela. Em junho é a reavaliação pelo método Doman e já sei que as terapeutas vão focar o comportamento. E de facto investir num comportamento adequado é tão importante como investir em terapias. E porquê? Porque ela é uma criança como as outras e é assim que eu quero que seja vista e tratada e, por dever, não se deixam as crianças ter maus comportamentos sem que sejam repreendidas ou chamadas à atenção. Eu não quero a desculpa de "oh ela não entende" ou "é da trissomia" ou "eles são assim". Para já não é grave mas um dia na escola, em sociedade ou em qualquer contexto ela tem de saber estar e isso tem que ser trabalhado desde tenra idade.
Às vezes custa aplicar-lhe um castigo ou ralhar, na verdade custa muito e às vezes facilito um bocado mas eu sei que não posso facilitar!
Alguém por aí teve a mesma dificuldade com os filhos?
terça-feira, 5 de março de 2019
Terapias e saúde, só para quem pode?!
Já para não falar na questão do tempo que necessitamos de dedicar aos nossos filhos... não teríamos direito a algumas “benefícios “ nesse sentido sem que para isso tivéssemos de ver o nosso orçamento ao final do mês prejudicado?! É uma questão de equidade!
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019
Dia Internacional das Doenças Raras
Síndrome de Pitt Hopkins
Sim é uma doença rara. Sim há perto de 600 casos no mundo. sim em muitos casos são mal diagnosticados como paralisia cerebral ou Síndrome de Angelman. Traduz-se essencialmente por um atraso no desenvolvimento de competências inatas das crianças como o sentar, gatinhar falar e andar. Sim o diagnóstico foi importante para nós deu nos a possibilidade de perceber melhor o que poderíamos esperar e trouxe-nos os pais dos outros meninos à volta do mundo com quem falamos e nos ajudamos no dia a dia. Não é castigo de Deus, é a certeza de que só cá em casa só com esta família, só com os nossos amigos poderia ser feliz e receber tudo o que merece!!! Ser mãe e pai na deficiência é muito diferente, em que toda a dependência do bébé no primeiro ano de vida se mantém pela vida fora. Além da parte motora o autismo associado provoca uma instabilidade emocional e uma ansiedade enormes. A rotina é a melhor amiga mas a vida não é estática nem sempre conseguimos prever tudo o que poderá acontecer. Dias maus? Sim há dias negros. . .Em que como não sabemos o que a Marta pretende vamos por tentativa e erro... Como qualquer método cientifico falha. Entretanto ela geme ou grita e isto pode-se prolongar pelo dia inteiro. Será o sapato que magoa?? a roupa que faz comichão? Fome, sede, dor de barriga??? afinal era só a luz do sol que estava muito forte e a estava a incomodar. Amanhã é outro dia e tudo será mais fácil. Mas nem tudo é assustador... a melhor parte é a que poucos vêem . A Marta ensinou-nos uma forma de amar tão pura e diferente que não poderíamos calcular que existisse. Trouxe pessoas à nossa vida que jamais se teriam cruzado no nosso caminho. Cria uma relação única com quem a ama, que nós jamais vamos entender. A Marta tem uma sensibilidade sem precedentes apercebe-se de quem a ama. Apercebeu-se que a mãe estava grávida antes de todos. Mesmo sem falar sabe o que é o amor. Se lhe perguntamos "Amas a mim como eu amo a ti?" a reacção dela é de nos abraçar e de nos encher de beijos, fá-lo de uma forma tão natural e nunca ninguém a ensinou. Neste dia tão especial não poderíamos deixar de fora a Martinha "Dream Team"!!! A fisioterapeuta Monica Querido que se apaixonou pela Marta desde o dia em que ela fez um ano!!! A Patrícia Cruz, terapeuta ocupacional nos guiou e orientou sempre e que tinha sempre tempo para a Martinha e que nos foi traduzindo o mundo dela ao longo desta jornada. A educadora Isabel Pinheiro Dias, educadora que se empenhou na Marta de forma incondicional e apoiou a sua integração na creche e se articulou de forma sem precedentes com os terapeutas. Na escola tem professoras, terapeutas e auxiliares para lá de maravilhosas que vibram com e por ela todos os dias!!! A Faísca e a Cabriola, as éguas e à sua equipa maravilhosa que eram a parte que faltava para completar esta equipa que tem conseguido feitos que nós nunca pensamos atingir. O caminho é longo, cheio "de pedras no caminho". Mas como podem ver não vamos sós estamos tão bem acompanhados!!
terça-feira, 15 de janeiro de 2019
Às vezes é preciso muito jeitinho para cativar as crianças para o trabalho!
Ainda a propósito das terapias, se há coisa que tenho aprendido com a Francisca é que as crianças não são máquinas e que às vezes é necessário muito esforço da nossa parte para as motivar. Há dias que correm bem,em que não é necessário estímulo extra, mas há outros que nem por isso! E se pensarmos bem, nem nós temos todos os dias a mesma disposição para o trabalho por isso é necessário sermos compreensivos com eles por mais que nos custe e que queiramos ver metas atingidas.
A Francisca tem um feitio muito vincado e é capaz de passar as terapias a dizer que não quer, apesar de acabar sempre por fazer as coisas. A fisioterapeuta e a terapeuta ocupacional têm esse dom de a motivar, algo que eu em casa não faço tão bem! Contudo, a parte motora ela vai fazendo mas a cognitiva é necessário mesmo que esteja concentrada e motivada, e nesse espeto a terapeuta dela tem feito um trabalho fantástico de motivação e eu sei bem que nem sempre é fácil! Obrigada querida J. por isso!
Entretanto tive o feedback da educadora e ela diz que a alteração que fiz nos horários foi ótima e que já consegue trabalhar muito mais com a Francisca e que ela própria evoluiu no saber estar em sala, saber esperar pela sua vez, inclusive já não bate nos amiguinhos que é uma coisa que me estava a preocupar. Esta alteração foi feita no início do mês de janeiro e já há evoluções por isso acho que estamos no bom caminho!
segunda-feira, 14 de janeiro de 2019
Quando não está bem faz-se um esforço e muda-se!
Neste mundo de terapias nada é estanque e tomar decisões nem sempre é fácil! Como sabem, a Francisca tem três horas de terapias por dia e conciliar estas horas de terapia com os momentos de trabalho no infantário em que são trabalhadas outras competências também muito importantes, nem sempre é fácil.
Em reunião com as educadoras (infantário e ELI) percebi que o tempo de sala da Francisca era nulo porque quando chegava ao infantário de manhã, após a terapia, os meninos já tinham trabalhado com a educadora e à tarde, após a sesta, ela saía para mais uma hora de terapia e, quando voltava, já era hora do lanche. Assim ela perdia o estar em grupo com outros meninos, o brincar com os pares, o saber sentar e esperar pela sua vez, o trabalho individual com a educadora em que se promovem competências importantes para a sua idade... Saí da reunião com as educadoras com o sentimento de ter negligenciado fatores importantes para o seu crescimento e desenvolvimento em prol de um método no qual eu acredito muito mas que com o tempo diário que lhe é dedicado não pode abranger todas as áreas. E saber estar com os pares, desenvolver competências sociais e até aprendizagens por imitação, o próprio desenvolvimento da linguagem e compreensão poderiam estar a ser mais trabalhados em contexto de infantário.
Tive que pensar muito, organizar e reorganizar terapias, pedir opiniões, reflectir, mudar horários e lá consegui encontrar uma solução que não é a perfeita mas que, creio, é a melhor possível. Tenho também os melhores técnicos a trabalhar com a Francisca, que são flexíveis e querem o melhor para ela conseguindo dentro do possível moldar-se às suas necessidades.Custa mudar rotinas e ela própria estranhou esta mudança e ainda está a adaptar-se mas agora sim penso que estamos no bom caminho!
Subscrever:
Mensagens (Atom)