Retomei hoje o trabalho presencial depois de três meses e meio em casa, em teletrabalho, com duas filhas com necessidades de apoio específicas, personalidades diferentes e exigentes, como na verdade o são todas a crianças.
Quem está ou esteve em teletrabalho sabe que não há horários, que muitas vezes trabalhamos mais do que se estivéssemos em modo presencial e que gerir isto com filhos pequenos em casa e em telescola pode tornar o cenário ainda mais caótico.
Houve dias em que a Francisca passou horas em frente à televisão, chegou até a falar português do brasil de tanto ver os vídeos que ela gosta e que eram os únicos que a mantinham distraída enquanto eu trabalhava.
Os emails da escola da Matilde com trabalhos de casa chegavam a todo o momento e se havia trabalhos que ela fazia com o centro de estudos via online, havia outros que tinham de ser feitos comigo porque eram manuais ou informatizados e confesso que chegou a mandar alguns depois da data estipulada. Sinceramente não sei quem ficou mais contente com o fim das aulas, se eu ou ela.
Sou muito grata por ter podido proteger as minhas filhas, nomeadamente a Francisca que pela T21 pertence ao grupo de risco, e ter conseguido realizar o meu dever em teletrabalho mas de facto foi desafiante. E se para mim o foi, imagino para aquelas mães e pais que começaram a trabalhar em maio, ou até que nunca pararam, e que depois de 12h de trabalho ainda tinham de confirmar emails da escola, ajudar a fazer trabalhos de casa, banhos, jantares, tarefas domésticas...
O que tenho a dizer como balanço do meu confinamento é que sobrevivi.... sobrevivi entre choros e gritos, beijos e abraços, dias em que tudo parecia fluir e outros em que nada corria como previsto!
A vida é mesmo isto, um carrocel de emoções e acontecimentos, que podem ser coloridos como o arco-iris ou cinzentos como um dia de inverno. Para mim guardarei na memória o vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, roxo e violeta.... e tirarei como aprendizagem tudo aquilo que foi assombrado pelo cinzento!