Em Maio vim cá falar-vos que iria dar uma reviravolta naquilo que eram as terapias da Francisca.
Hoje vim dar-vos o feedback.
Cada filho tem a sua especificidade e se hoje achamos que o caminho que seguimos é o certo, amanhã tudo muda, as suas necessidades, as estratégias, o caminho a traçar.
Para mim não foi fácil mudar a intervenção, fazer o corte com o trabalho diário de 5 anos consecutivos, no qual eu acreditei piamente e que tantas pessoas envolveu.
Não tenho qualquer dúvida que todo o trabalho do método Doman valeu a pena, que toda a ginástica diária que eu fazia para tudo se encaixar teve frutos, que valeu cada lágrima, cada noite mal dormida, cada hora gasta a preparar material.
Hoje a Francisca tem um vocabulário muito extenso, boa capacidade física, pouca hipotonia, muita autonomia. Não duvido, como nunca duvidei, que aquele trabalho valeu a pena.
Mas senti que faltava algo, que havia áreas em que estava muito aquém do que seria esperado e quando me apercebi disso tive que repensar.
Tomei a decisão de parar o método e optar pelo acompanhemento de uma técnica de reabilitação psicomotora. Com esta intervenção senti que foi criada uma sinergia entre mim, a técnica, a fisioterapeuta e a educadora. Passei a ficar desperta para coisas fundamentais que até então desvalorizei ou simplesmente me passavam ao lado.
Eu tenho duas, trabalho, sou dona de casa e existo! Além disso não sou técnica, não sei o que é ou não suposto a Francisca ter adquirido. Precisava de ter alguém comigo capaz de avaliar isso e definir estratégias e atividades que eu pudesse desenvolver para que a Francisca consiga superar as suas dificuldades. E assim tem sido desde Maio. A Francisca já evoluiu em muitas áreas, como no grafismo, pega do lápis, compreensão, pintura, começou a introduzir a leitura e a matemática. Todas as atividades me fazem sentido e ocupam no total 30/40 minutos do meu dia. Tudo resto é realizado ao longo do dia nas tarefas rotineiras. Manteve a fisioterapia duas vezes por semana, começou agora terapia da fala, tem uma hora de terapia por semana com a psicomotricista em casa e o seu acompanhamento sempre que necessário, e uma educadora que se predispôs a colaborar desde logo e que está a trabalhar em consonância com todas as estratégias delineadas.
Uma reflexão para os pais:
Quando nos dizem que os nossos filhos estão muito bem desenvolvidos e para não nos preocuparmos temos que questionar se isso é baseado naquilo que a pessoa esperava deles dado o diagnóstico ou se é baseado nas suas reais potencialidades e naquilo que é possível que consigam atingir.
uy