A escola não é inclusiva. E não o será enquanto houver segregação. Tem leis que mascaram de inclusivo um sistema que não olha com bons olhos para as crianças com dificuldades ou necessidades especiais e que as segregam em turmas por categorias de bons e maus alunos. Isto acontece em todas as escolas. Os bons alunos são concentrados todos nas mesma turma, formando-se assim turmas de excelência onde ensinar motiva o professor e tudo conspira a favor do sucesso escolar. Os maus alunos, por questões comportamentais ou por dificuldades de aprendizagem ficam todos segregados na mesma turma. Ensinar é frustrante, aprender não tem graça. Comportamento gera comportamento. Aos olhos dos professores estes alunos são todos iguais, não querem aprender, são mal educados, imaturos e “não vão longe” nas aprendizagens e no percurso escolar. A perspetiva é de que ali, não dá para mais. O ambiente de desinteresse, desordem e desistência cria-se facilmente e não há equilíbrio.
As crianças das turmas de excelência interiorizam que são “os bons”, superiores, de outro nível, e assim são ensinadas a olhar para si. As “outras crianças” perpetuam as dificuldades, os comportamentos menos adequados e assim se mantêm em desvantagem e se perpetua uma sociedade desigual, cuja formação ocorre desde a infância.
Sou da opinião de que não teremos de ser todos “doutores”, nem é disso que se trata aqui. O que acredito é que a crianças com dificuldades não deixaria de as ter só por integrar uma turma mais equilibrada, mas talvez ajudasse na sua concentração, motivação e consequente maior sucesso. A criança com comportamento desafiante talvez não deixasse de o ter, mas talvez se fosse equilibrando um pouco mais e assim aprendendo a saber estar de forma mais adequada dentro do contexto escolar e consequentemente nas outras vertentes da sua vida.
Não posso assim concordar que a escola seja inclusiva, e embora às vezes até consigamos encontrar alguma vontade em melhorar, não há recursos humanos e físicos.
A
escola é a perpetuação de uma sociedade desigual. Há,
como em todos os casos, exceções. Mas não são regra. Falo
por experiência própria. E não deveria ser preciso sorte para se encontrar um bom professor.