terça-feira, 2 de fevereiro de 2021



11 dias para os 6 anos...


A Francisca nasceu as 13h05. Por volta das 14h30 estávamos na enfermaria.


A enfermeira parteira suspeitou da trissomia logo após o nascimento, chamou o pediatra que não veio e pediu às colegas para estarem atentas a nós.  A validão da suspeita teria de ser dada e comunicada por um pediatra, que mesmo assim só com analises complementares é que podia confirmar ou não a  existência de uma anomalia genética. 


A esperança de que ia viver a maternidade em pleno crescia a cada minuto dentro de mim. Quando a olhava, tão serena, o meu coração enchia-se de felicidade e de paz. Sentia que agora, com mais maturidade e sem nada lhe faltar, ia viver um romance sem fim. 


Eu ligava aos meus, feliz por tudo ter corrido bem e radiante por ter tido um parto tão fácil, foram nem duas horas em trabalho de parto. (Acho que Deus doseou um pouco o sofrimento e deixou para depois)

Como não levei pontos, andava lindamente, sentava-me e fazia tudo, as mães que estavam comigo diziam que se soubessem que iam estar como eu umas horas depois do parto, arriscariam a ter outro filho!  

Ao final da tarde eu quis ir à casa de banho e a enfermeira de serviço que numa abordagem anterior foi pouco empática, desta vez disse-me que poderia ir descansada, que ficava com ela ao colo porque gostava muito de olhar "para esta menina". Inocente pensei: "a miúda é mesmo bonita, logo as enfermeiras que vêm tantos bebés, esta até a quer pegar ao colo a observá-la".  

Ela comia, e dormia... comia e dormia... 

Às 22h uma outra enfermeira veio junto de mim e lembrou-me que era hora de dar mama. Disse-me que ficaria ali para ver e para me ajudar se fosse  necessário. 

Perguntou-me a determinada altura se eu tinha feito lá o rastreio bioquímico, rapidamente lhe respondi : "Não, porquê?". Ela disse que nada, que a minha cara não lhe era estranha. Resposta válida para mim, assunto arrumado. 

Na verdade a enfermeira veio ver a Francisca a mamar porque as crianças com trissomia 21 têm dificuldades na sucção devido à hipotonia que lhes é característica.Por acaso não era o caso da Francisca. A questão do rastreio terá sido ou para consulta ou para perceber se foi "falha" do hospital.


Dormi serena essa noite, sem poder imaginar o que aí vinha... 

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