terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Afinal, curar o quê?












Foi em março de 2020, aquando do confinamento, que comecei a perceber algumas dificuldades da Francisca e comecei a perceber que havia algo mais a trabalhar. Tudo o que fiz para trás não duvido que foi bem feito mas senti que ela precisava de uma intervenção diferente. 
Hoje sinto que mudei no momento certo, atualmente está com apoio de psicomotricista, terapia da fala, terapia ocupacional, fisioterapia e infantário. E embora isto ainda possa parecer muito aos olhos de uma mãe "típica",para mim é o cenário perfeito. Retirou de mim o peso que decidi carregar por 5 anos de ser responsável única pelo desenvolvimento da minha filha (mais uma vez, sem qualquer arrependimento).

Nestes últimos seis anos foi acontecendo de forma gradual algo crucial: a plena aceitação de que a minha filha tem uma condição genética que lhe trouxe dificuldades cognitivas e que a ilusão da "cura" é utópica. E afinal curar o quê? Ela não é doente, não é limitada (quem é que definiu os limites?) é como é e é desta forma que eu, a família e a sociedade a devemos aceitar. 
Consegui neste últimos 6 anos a evidência de que as crianças com dificuldades cognitivas ou com alguma deficiência são capazes de tudo, precisam de um pouco mais de investimento, um pouco mais de tempo e um pouco mais de paciência. 
Aprendi que a frustração é um problema meu e que nunca poderei deixar que seja o dela. 

Cada mãe/pai deve, com equilíbrio, encontrar o seu caminho. Eu encontrei o meu. 

Passados 6 anos... sempre estive feliz, mas nunca tão tranquila! 

2 comentários:

  1. Ela não é doente, não é limitada (quem é que definiu os limites?) é como é e é desta forma que eu, a família e a sociedade a devemos aceitar.

    É isso mesmo!! Obrigado!

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